domingo, 8 de agosto de 2010

por Sálvio Dino de Castro e Costa Junior
Meus queridos,
Hoje eu escrevo para registrar-lhes um sonho.
Certa vez, sonhei que algumas coisas na vida podiam ser ainda mais legais do que as boas lembranças já vividas.
Antes, porém, revisitei as boas lembranças. Lembrei que um dia passeava de bicicleta, que jogava futebol, que brincava de pega-pega ou esconde-esconde. Lembrei que ia à praia ver o brilho do sol nas ondas do mar ou ao arraial ver as estrelas no céu das noites de junho. Sentia, novamente, aquele cheiro da escola, aquela animação dos amigos de escola, aquela vida vivida na escola. Lembrei de toda aquela diversidade de emoções e prazeres que só se sente na escola.
Era tudo tão bom e tudo tão distante do agora… Passaram-se os anos.
Agora, tudo era diferente. Já não estava ali sozinho, passando, novamente, por essas mesmas experiências, sensações e sentimentos. Agora, tudo era melhor. Agora, eu era pai, e não apenas filho. Podia, então, passar por tudo de novo.
Andar de bicicleta, jogar futebol, brincar de pega-pega ou esconde-esconde, ir à praia – o brilho do sol nas ondas do mar é ainda mais bonito – voltar à vida na escola. Ahh, a escola…! Esse é um lugar maravilhoso mesmo. Acordar cedo, vestir farda, tirar farda, assistir as aulas das professoras, aguardar o recreio, começar as brincadeiras e o inesquecível cair da chuva visto pela janela da sala de aula. Minha avó dizia que tudo isso, em cada detalhe, ficaria na memória para todo o sempre. Ela tinha mesmo razão.
E como é bom relembrar antigos tempos em que a gente só era filho. Mas, agora, como disse, tudo estava diferente, tudo estava melhor. Já não era apenas filho. Permitiu o Criador que fosse eu pai também. E de três filhos lindos: Vítor, Helena e Luísa. Por isso, também posso agora reviver todas aquelas experiências passadas de quando era criança. E posso dizer, sem medo de ser feliz, como é maravilhoso ser pai, compartilhando sorrisos, revivendo sensações, sentimentos e emoções ao lado dos filhos. Todos os dias, de novo. No mesmo vai e vem, no mesmo corre-corre.
Contudo, prá ser feliz de verdade, era preciso mais. Era preciso sonhar. E era preciso que o país inteiro participasse do sonho.  Por isso, o país de meu sonho deveria ser assim. Todas as crianças teriam seus pais sempre bem pertinho. E todos os homens poderiam e deveriam sempre exercitar a beleza de ser pai por cada minuto, por cada segundo. Dádiva de Deus, todo poderoso!
Nesse país, não haveria violência, nem fome, nem doenças, nem desamparo. Só haveria carinho, amizade e solidariedade. Um lugar onde reinaria, simplesmente, o carinho, o amor entre todas as pessoas e somente uma glória para adoração: a glória de Deus.
Nesse país, seria impossível haver maus governos. Os direitos de todas as crianças e de todas as pessoas estariam sempre assegurados. Não haveria poluição, nem desmatamento, nem pessoas em filas de hospitais, nem crianças fora da escola, nem pessoas sem casa.
Nesse país, a gente podia, verdadeiramente, ser feliz. Todo mundo junto, sem esquecer ninguém. E reviver a nossa infância, na presença dos filhos, não seria mais um simples desejo do amanhã, mas sim, uma parte do agora.
Obrigado, filhos, por me fazerem sonhar!
Sálvio Dino de Castro e Costa Junior, 35.
É advogado e pai

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