Em 08 de julho de 2009, quando o então vice-presidente José Alencar, enfrentava bravamente o câncer no intestino, destaquei, aqui no blog, o exemplo que ele dava a todos nós. Hoje, com sua morte, em vez de reproduzir as informações que estão em toda a mídia, prefiro destacar o que escrevi sobre a via crucis desse guerreiro.
O CALVÁRIO DO VICE-PRESIDENTE JOSÉ ALENCAR: UMA LIÇÃO DE CORAGEM
Em meio a tanta turbulência política, uma pausa para falar de dor, sofrimento, calvário, e acima, de tudo de determinação e coragem. Somos sabedores que temos, ao longo da vida, que carregar nossas cruzes e seguir por vias dolorosas. Por fraqueza, muitos terminam ficando pelo caminho, abandonando suas lutas, seus ideais. Não aguentam o peso da cruz. O certo é que cada um tem sua via crucis, em algum momento da vida. Uma, em particular, tem me chamado a atenção nos últimos dias: a do vice-presidente José Alencar.
É admirável a forma como ele encara um câncer que o consome a cada instante. Corrói o corpo, não seu espírito de um homem vencedor e sempre esbanjando otimismo. É uma lição de como enfrentar os problemas de frente, mesmo sabendo – no caso dele – que o desfecho já está traçado: a morte. Seu constante bom humor o prepara para recebê-la de braços abertos.
Alencar, de 77 anos, trava uma luta pessoal contra o câncer no intestino há 10 anos. O estágio é avançado e não pode mais ser submetido a intervenções cirúrgicas. Já teve a doença na próstata e depois no abdômen. A doença, acredita-se, está em metástase, evoluindo para outros órgãos. É muito sofrimento, enfrentado de cabeça erguida. Com certeza, é, antes de tudo, um forte, como diria Euclides da Cunha.
Temos que agradecer a José Alencar por estar nos oportunizando presenciar a bravura de um homem determinado, corajoso, que não se abate diante de um inimigo temido por todos, pelo fato de, em muitos casos, não permitir cura. Como homem público, mostrou que é possível passar pela política e não se deixar enlamear nas pocilgas em que se encontram muitos de nossos representantes. Fica, portanto, o legado de um bravo.
Uma biografia de vencedor
José Alencar Gomes da Silva nasceu em 17 de outubro de 1931, no lugarejo de Itamuri, município de Muriaé, na Zona da Mata mineira, filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva.
Aos 14 anos de idade, deixou a casa paterna para trabalhar de balconista numa loja de armarinhos da cidade de Muriaé. Ganhava 600 cruzeiros por mês. Pouco tempo depois, tendo recebido proposta mais vantajosa, transferiu-se para Caratinga, onde continuou a trabalhar de balconista. Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha "A Queimadeira", cujo nome foi sugerido por um viajante português, o senhor Lopes, sob o curioso argumento de que "se fosse um bar, seria Bar Cristal; mas não é um bar, então é "A Queimadeira", porque vai vender barato..." Ali se vendia de tudo um pouco: tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas, armarinho, etc. Depois de "A Queimadeira", o hoje Vice-Presidente da República foi viajante comercial, atacadista de cereais, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos, e industrial do ramo de confecções.
Em 1967, em parceria com o empresário e Deputado Luiz de Paula Ferreira, da área de beneficiamento de algodão, fundou em Montes Claros a Companhia de Tecidos Norte de Minas – Coteminas, hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do país.A Coteminas tem hoje 11 unidades industriais em quatro estados brasileiros – Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina – e uma na Argentina. As 12 fábricas produzem e distribuem fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis, vendidos no mercado interno, nos Estados Unidos, Europa e países do Mercosul.Na condição de empresário, José Alencar Gomes da Silva dedicou-se também às entidades de classe empresarial, tendo sido Presidente da Associação Comercial de Ubá, Diretor da Associação Comercial de Minas, Presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e Vice-Presidente da Confederação Nacional da Indústria.